A história da capoeira

Publicado por Jogo da Vitória em 07/09/2024
Foto: Wikimedia Commons

Saiba tudo sobre a capoeira, uma expressão cultural genuinamente brasileira

A capoeira é uma expressão cultural genuinamente brasileira que combina elementos de luta, dança, música e jogo. Sua história, no entanto, é rica e multifacetada, enraizada nas lutas pela liberdade e resistência dos africanos escravizados no Brasil colonial. Mas a origem dela remonta ao período em que o Brasil era uma colônia de Portugal, entre os séculos 16 e 19, quando milhões de africanos foram trazidos para trabalhar como escravos.

Origens e desenvolvimento

As raízes da capoeira estão profundamente ligadas às tradições culturais dos povos africanos trazidos ao Brasil, principalmente aqueles originários da África Ocidental, como os bantus e os iorubás.

Nos primeiros tempos, ela era uma prática clandestina, pois os senhores de escravos temiam que os africanos pudessem usar essas técnicas como meio de rebelião ou fuga. Por essa razão, ela se desenvolveu como uma arte disfarçada: os movimentos ágeis e coreografados, muitas vezes semelhantes a uma dança, serviam para disfarçar sua verdadeira natureza de luta.

Os escravos que fugiam das plantações formavam comunidades conhecidas como quilombos, sendo o mais famoso deles o Quilombo dos Palmares, liderado por Zumbi. Nessas comunidades, a capoeira era praticada tanto como uma forma de defesa contra os ataques das forças coloniais quanto como um elemento de identidade cultural. Zumbi dos Palmares é uma figura central na história da capoeira, pois simboliza a luta pela liberdade e resistência contra a opressão.

A repressão e a marginalização

Com o fim da escravidão no Brasil em 1888, entretanto, os ex-escravos enfrentaram uma série de desafios, incluindo a falta de oportunidades econômicas e a discriminação racial. Muitos deles se mudaram para as cidades em busca de trabalho, mas, devido à escassez de empregos e às condições de vida precárias, muitos se envolveram em atividades marginalizadas, como o crime organizado. A capoeira passou a ser vista pelas autoridades como uma prática criminosa e perigosa.

Em 1890, o governo brasileiro promulgou o Código Penal, que, entre outras coisas, criminalizava explicitamente a prática da capoeira. Os capoeiristas, que continuavam a praticar sua arte de forma clandestina, foram perseguidos, presos e muitas vezes torturados. Para evitar a repressão, eles desenvolveram códigos, nomes fictícios e sinais para se comunicarem e identificar outros praticantes, mantendo-a viva apesar da proibição.

Durante este período, surgiram duas linhagens principais: a Capoeira Angola e a Capoeira Regional. A Capoeira Angola é a forma mais tradicional, preservando muitos dos elementos originários da praticada nos quilombos. Ela possui movimentos mais próximos ao solo, maior ênfase na malícia (astúcia) e um ritmo mais lento e cadenciado.

O surgimento da Capoeira Regional

A Capoeira Regional surgiu na década de 1930, graças ao trabalho de Manoel dos Reis Machado, mais conhecido como Mestre Bimba. Nascido em Salvador, na Bahia, Mestre Bimba começou a praticar capoeira desde muito jovem e logo percebeu que ela precisava se adaptar aos novos tempos para sobreviver. Ele criou um novo estilo, combinando a capoeira tradicional com elementos de outras lutas, como o batuque e o boxe, e estabeleceu um método de ensino sistemático que incluía exercícios, graduações e a formalização das rodas.

Mestre Bimba também foi fundamental na legitimação da capoeira como uma prática respeitável. Em 1937, ele conseguiu a permissão do governo para abrir a primeira academia de capoeira registrada oficialmente, onde começou a ensinar sua Capoeira Regional. A abertura da academia foi um marco importante, pois representou o início da aceitação social e institucional da capoeira no Brasil.

A capoeira na contemporaneidade

Com o tempo, a capoeira se espalhou pelo Brasil, conquistando adeptos de diferentes classes sociais. Na década de 1970, com o crescente interesse pela cultura afro-brasileira e a ascensão dos movimentos de valorização das tradições negras, ela começou a se expandir para fora do Brasil. Capoeiristas brasileiros migraram para outros países e introduziram a arte em várias partes do mundo, onde ela recebeu grande entusiasmo.

Hoje, a capoeira está em todos os continentes e tem reconhecimento da UNESCO como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade, título concedido em 2014. Essa conquista é um testemunho da resiliência e adaptabilidade da capoeira, que conseguiu transformar uma prática marginalizada em um símbolo de resistência cultural e de identidade brasileira.

A importância da música e da roda

A música é uma parte essencial dela, e sua presença na roda de capoeira ajuda a definir o ritmo e o estilo do jogo. Os instrumentos principais utilizados são o berimbau, o atabaque e o pandeiro, acompanhados de palmas e cânticos. As músicas, geralmente cantadas em português, muitas vezes falam sobre a história dela e as dificuldades enfrentadas pelos capoeiristas e temas de resistência e luta.

A roda de capoeira é o ambiente em que o jogo acontece. É um espaço sagrado, onde os capoeiristas entram em cena, demonstrando sua habilidade, astúcia e ritmo ao som da música. A roda, enfim, é um microcosmo da capoeira, representando a luta pela sobrevivência, a resistência e a celebração da vida.

Considerações finais

A história da capoeira é um testemunho da capacidade de resistência e adaptação dos africanos escravizados e seus descendentes no Brasil. De uma prática clandestina e marginalizada, ela evoluiu para se tornar um símbolo de identidade cultural e um patrimônio cultural reconhecido mundialmente. Sua rica tradição continua a se desenvolver e se expandir, influenciando e sendo influenciada por diferentes culturas ao redor do mundo. Em síntese, mais do que uma simples luta ou dança, ela é uma expressão viva da história e da cultura brasileira, um legado de resistência, liberdade e criatividade que continua a inspirar milhões de pessoas ao redor do globo.

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