SAF: o que é como mudou o futebol brasileiro

Publicado por Jogo da Vitória em 07/11/2024
Foto: ShutterStock

Como a SAF mexeu na estrutura do futebol no Brasil

A Sociedade Anônima do Futebol (SAF) é um modelo jurídico que foi recentemente implementado no Brasil como uma forma de reestruturar e modernizar os clubes de futebol, permitindo que eles se tornem empresas e, assim, possam atrair investimentos privados de maneira mais segura e transparente. Esse modelo tem sido apontado como uma solução para os muitos problemas financeiros que os clubes brasileiros enfrentam, como dívidas crescentes e dificuldades de gestão. Desde a implementação da SAF, por exemplo, alguns clubes já passaram por transformações significativas.

Contexto e origem da SAF

A criação da SAF no Brasil foi inspirada em modelos de sucesso em outros países, principalmente a Inglaterra e a Espanha, onde clubes de futebol operam como empresas. Esse tipo de estrutura permite uma gestão mais eficiente, focada em resultados e com transparência na prestação de contas. No Brasil, no entanto, a situação era bem diferente até a criação da SAF: a maioria dos clubes operava como associações civis sem fins lucrativos, uma estrutura que não facilitava a atração de grandes investidores e que, muitas vezes, levava a uma administração menos rigorosa.

O principal objetivo da criação da SAF foi fornecer uma alternativa para os clubes que enfrentam sérios problemas financeiros. Com a SAF, o clube passa a operar como uma empresa, onde investidores podem comprar ações e, em contrapartida, influenciar nas decisões administrativas e estratégicas. Essa mudança vem proporcionando novas possibilidades de arrecadação e investimento para os clubes, além de oferecer maior proteção jurídica contra possíveis crises financeiras.

Mudanças trazidas pela SAF no futebol brasileiro

1. Atração de investidores e aumento de capital

Com a implementação da SAF, o futebol brasileiro viu um aumento significativo no interesse de investidores nacionais e internacionais. Clubes como o Cruzeiro, Vasco e Botafogo foram alguns dos primeiros a adotar o modelo, atraindo capital estrangeiro de grandes empresários. O Cruzeiro, por exemplo, foi adquirido por Ronaldo Nazário, enquanto o Botafogo foi adquirido pelo empresário americano John Textor.

Mudança de mentalidade

Além disso, a entrada de investidores trouxe uma mentalidade empresarial para a gestão dos clubes. Em vez de depender de empréstimos ou da ajuda de torcedores, os clubes têm agora uma fonte mais estável e confiável de financiamento, o que permite um planejamento a longo prazo. Essa mudança de mentalidade é crucial, pois contribui para que o futebol brasileiro possa competir em melhores condições no cenário internacional.

2. Profissionalização na gestão e melhoria na governança

Um dos principais problemas dos clubes brasileiros era a falta de profissionalização na gestão, com dirigentes frequentemente escolhidos por critérios políticos e com pouca experiência em administração e gestão esportiva. A SAF trouxe certamente uma mudança nesse cenário, impondo uma estrutura de governança mais rigorosa e transparente. Agora, com investidores envolvidos, os clubes têm a obrigação de prestar contas e de adotar práticas de governança que buscam transparência, eficiência e resultados.

A profissionalização da gestão inclui a contratação de executivos com experiência no mercado esportivo e financeiro, bem como a criação de comitês e conselhos responsáveis por analisar as principais decisões. Esse movimento tem se mostrado positivo, permitindo que os clubes funcionem de forma mais sustentável, evitando gastos excessivos e focando no desenvolvimento das categorias de base e em um planejamento de longo prazo.

3. Redução das dívidas

A implementação da SAF também tem sido uma ferramenta eficaz na redução das dívidas dos clubes brasileiros. Com o novo modelo, os clubes têm a possibilidade de negociar suas dívidas de forma mais organizada, com prazos maiores e condições mais vantajosas. Isso ocorre porque a SAF permite a criação de uma empresa separada que assume o passivo financeiro do clube, facilitando a negociação com credores e reduzindo a pressão imediata sobre as finanças.

Cruzeiro

Um exemplo notável é o caso do Cruzeiro, que conseguiu reestruturar grande parte de suas dívidas após a entrada de Ronaldo e a transformação em SAF. Esse movimento proporcionou maior estabilidade financeira ao clube e permitiu que ele voltasse a investir no futebol de maneira sustentável.

4. Valorização dos ativos e retenção de talentos

A SAF também está impactando a maneira como os clubes gerenciam e valorizam seus ativos, principalmente no que diz respeito aos jogadores. Com uma estrutura de empresa, os clubes agora tratam os jogadores como ativos estratégicos, investindo em suas formações, prevenindo a venda precoce de talentos e buscando melhores condições de negociação.

Antes da SAF, era comum ver clubes brasileiros venderem seus principais talentos para clubes estrangeiros em condições desfavoráveis, muitas vezes como uma medida desesperada para resolver problemas financeiros. Atualmente, com uma estrutura mais organizada e menos dependente de vendas emergenciais, os clubes têm condições de negociar melhor.

5. Impacto no relacionamento com os torcedores

A implementação da SAF tem mudado o relacionamento entre os clubes e seus torcedores. Muitos torcedores ainda estão se adaptando à ideia de que seus clubes, tradicionalmente associações, agora funcionam como empresas. A transformação para SAF exige um novo olhar sobre o papel do torcedor, que agora assume também o papel de “consumidor” e, em alguns casos, de acionista.

Investimento

Alguns clubes estão investindo em iniciativas para fortalecer a relação com os torcedores, como programas de sócio-torcedor mais atrativos, ações de engajamento e até mesmo a possibilidade de compra de ações, algo que traz o torcedor para perto da gestão.

Desafios e críticas ao modelo SAF

Por fim, apesar dos muitos benefícios, o modelo SAF também enfrenta desafios e críticas. Um dos principais pontos de debate, aliás, é o medo de que os clubes percam sua identidade e cultura ao serem administrados por investidores que, muitas vezes, não têm uma ligação direta com a história e a tradição do clube. Além disso, há receios sobre o nível de controle que esses investidores podem exercer.

Outro desafio, porém, está relacionado ao nível de transparência e regulamentação. Ainda há lacunas na legislação sobre SAF, e especialistas argumentam que são necessárias mais regulamentações para garantir que o modelo seja realmente benéfico para os clubes a longo prazo.

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