O que foi o Clube dos 13 do futebol brasileiro

Publicado por Jogo da Vitória em 16/10/2024
Foto: Shutter Stock

O que aconteceu com o Clube dos 13

O Clube dos 13 foi uma associação de clubes de futebol do Brasil criada em 11 de julho de 1987. Surgiu com o propósito de organizar os interesses dos principais clubes do país e de fortalecer a posição desses times nas negociações comerciais e institucionais.

Contexto Histórico e Surgimento

O futebol brasileiro, até meados da década de 1980, era marcado por uma desorganização na estrutura de seus campeonatos nacionais. A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) tinha dificuldades em manter uma estabilidade no formato do Campeonato Brasileiro, que variava consideravelmente de ano para ano, tanto no número de participantes quanto na fórmula de disputa. Diante desse cenário, os grandes clubes do Brasil, insatisfeitos com a falta de organização e com as dificuldades financeiras decorrentes da falta de uma estrutura sólida, decidiram se unir para buscar mais autonomia.

O estopim para a criação do Clube dos 13, porém, foi uma crise que ocorreu no futebol brasileiro em 1986. Aquele ano foi marcado pela indefinição no formato do Campeonato Brasileiro e por uma série de mudanças que desagradaram os clubes. A gota d’água foi a maneira como a CBF tratou a classificação para a Copa Libertadores daquele ano, o que gerou revolta entre os clubes mais poderosos. Liderados pelo então presidente do São Paulo, Carlos Miguel Aidar, 13 grandes clubes do país resolveram se unir para criar uma associação que pudesse negociar de maneira mais eficiente e ter maior influência nas decisões da CBF.

Os clubes fundadores do Clube dos 13 foram: Flamengo, Vasco da Gama, Fluminense, Botafogo (Rio de Janeiro), São Paulo, Corinthians, Palmeiras, Santos (São Paulo), Internacional e Grêmio (Rio Grande do Sul), Cruzeiro e Atlético Mineiro (Minas Gerais) e Bahia (Bahia). Esses clubes eram, à época, considerados os maiores e mais tradicionais do futebol brasileiro, com grande apelo popular e títulos expressivos.

Copa União de 1987

Um dos principais marcos do Clube dos 13 foi a organização da Copa União de 1987, que foi um campeonato organizado de forma independente pela associação, em um contexto de grande descontentamento com a CBF. A entidade máxima do futebol brasileiro passava por uma grave crise financeira e não conseguiu organizar de forma adequada o Campeonato Brasileiro daquele ano. Diante disso, o Clube dos 13 decidiu organizar seu próprio campeonato, em parceria com a Rede Globo.

A Copa União foi dividida em dois módulos: o “Módulo Verde”, que correspondia aos clubes do Clube dos 13, e o “Módulo Amarelo”, com os clubes que não foram incluídos na elite do futebol nacional. O Flamengo sagrou-se campeão do Módulo Verde, e o Sport foi o vencedor do Módulo Amarelo. No entanto, uma decisão da CBF determinou que os campeões de ambos os módulos deveriam se enfrentar para decidir o verdadeiro campeão brasileiro. O Clube dos 13, no entanto, não aceitou essa determinação, e o Flamengo se recusou a disputar esse confronto, o que gerou uma enorme controvérsia.

O imbróglio sobre quem seria o campeão brasileiro de 1987 perdurou por anos, com batalhas judiciais e muitas discussões entre torcedores e dirigentes. No final das contas, a Justiça acabou reconhecendo o Sport como o campeão daquele ano, mas, para muitos, o Flamengo continua sendo visto como o campeão moral da competição, o que até hoje gera polêmica no futebol brasileiro.

O Papel do Clube dos 13 nas Negociações de Direitos de TV

Um dos principais legados do Clube dos 13 foi sua atuação nas negociações dos direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro. A associação se tornou a responsável pelas negociações com as emissoras de televisão, e os clubes associados tiveram um maior poder de barganha.

O Clube dos 13 negociava os pacotes de transmissão para todas as plataformas (televisão aberta, fechada e pay-per-view), e o valor arrecadado era dividido entre os clubes associados, de acordo com critérios como audiência e desempenho nos campeonatos. Esse modelo permitiu que os grandes clubes do país passassem a contar com uma fonte de renda cada vez mais significativa, o que contribuiu para o aumento da competitividade e da profissionalização do futebol brasileiro.

O Declínio e o Fim do Clube dos 13

Apesar de sua importância inicial, o Clube dos 13 começou a perder força a partir da década de 2000. A principal razão para o declínio da associação foi o aumento das divergências internas entre os clubes. Além disso, a própria CBF começou a assumir um papel mais ativo na organização do Campeonato Brasileiro.

A situação se agravou em 2011, quando o Clube dos 13 enfrentou uma grande crise institucional. Nesse ano, a Rede Globo decidiu negociar diretamente com os clubes, o que enfraqueceu ainda mais a entidade. Vários clubes, como Corinthians, Flamengo e Fluminense, romperam com o Clube dos 13 e optaram por negociar individualmente seus contratos de transmissão. Esse movimento marcou o início do fim da associação, que acabou sendo formalmente extinta em 2016.

Legado do Clube dos 13

Apesar de seu fim, o Clube dos 13 deixou um legado importante para o futebol brasileiro. A associação foi pioneira em organizar os clubes em torno de seus interesses comerciais e institucionais, algo que, até então, não existia no futebol brasileiro. Além disso, o Clube dos 13 teve um papel fundamental na consolidação dos direitos de transmissão como uma das principais fontes de receita dos clubes, o que permitiu o desenvolvimento e a modernização do esporte no Brasil.

Outro ponto importante foi a influência que o Clube dos 13 teve na transformação do Campeonato Brasileiro, que, a partir da década de 2000, adotou o formato de pontos corridos. A entidade também contribuiu para uma maior profissionalização da gestão dos clubes, que passaram a adotar práticas mais modernas de administração e marketing.

Em resumo, o Clube dos 13 foi uma entidade crucial na história recente do futebol brasileiro. Mesmo com seu fim, sua influência existe até os dias de hoje na organização do futebol e na relevância dos direitos de transmissão para a saúde financeira dos clubes.

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